COLUNA

Charlie Glickman

[ELE/DELE]

Charlie Glickman PhD é coach de sexo e relacionamentos, educador de sexualidade somática.

QUEER como verbo

QUAL O SIGNIFICADO DE QUEER?

Um dos aspectos que me fascina da palavra queer é a sua variedade de significados. Pode ser usada como um adjetivo, no pejorativo, como um substantivo, como identidade coletiva, como orientação afetivo-sexual e como identidade de gênero (como na identificação genderqueer: gênero queer). Mas há uma utilização que deixou de ser comum: queer como um verbo. O que quer dizer to queer something? Tempos atrás essa expressão significava «estragar algo / bichar alguma coisa». Apesar de eu me alegrar com o fim desse uso da palavra, eu gosto de usar queer como um verbo.

To queer alguma coisa, seja um texto, uma história, ou uma identidade, significa analisar as suas fundações e questioná-las. Possibilita a exploração dos seus limites, seu viés, suas fronteiras. Podemos buscar um espaço onde haja elasticidade ou descobrir formas de transformá-la. To queer é examinar as nossas suposições e decidir qual delas queremos guardar, mudar, descartar, com qual dela queremos brincar. Essa prática torna-se um exercício que transcende o hábito de conformar-se com categorias pré-determinadas e cria novos conceitos.

Em conversas sobre sexualidade ou identidade, pessoas costumam dizer coisas como “não faça suposições”. Mas duvido que isso seja de fato possível; tentar ajustar as nossas observações atuais às nossas experiências do passado é uma característica humana muito comum. Sem ela, cada momento de todo dia seria totalmente novo e apesar da sugestão budista de tentar conseguir uma “mente de principiante”, assumir que algumas coisas serão mais ou menos familiares nos ajuda a atravessar o dia, mesmo se não o percebemos.

Em vez de tentar não fazer suposições ou me recriminar quando o faço, sinto que é mais útil aprender a ser mais receptivo a novas informações e abandonar suposições que não correspondam às minhas observações. É óbvio que isso é muito difícil. O ato de analisar mensagens profundamente arraigadas nunca antes questionadas pode ser percebido como uma ameaça. Experiências difíceis ou vergonha podem reforçar nossas crenças. Quando as nossas suposições são arraigadas no âmago das nossas identidades (“Não posso acha-la atraente. Sou hetero!”), ao explorá-las podemos nos deparar com muitas perguntas. O viés da seleção e o viés da confirmação tendem a nos fazer ignorar a informação que contradiz as nossas crenças e buscar a informação que as justifique. Ademais, a cultura americana não tem muitos modelos para este processo que costuma ser privado. É como atravessar um país sem mapa.

QUEERING: DO QUE SE TRATA?

Quando interiorizamos o ato de definir, examinar e (quando apropriado) descartar nossas suposições, descobrimos uma nova liberdade e flexibilidade. Na minha experiência, queering é uma maneira de alcançar isso. Fundamentalmente, queering é um ato de transformação em andamento, tanto em nós mesmos quanto em relação ao mundo ao nosso redor. Gosto de pensar na palavra queer como um verbo porque torna-se algo que podemos escolher de fazer, do mesmo modo que a bell hooks sugere tornar o amor numa ação e numa escolha, em vez de apenas considerá-lo como um substantivo. Cada vez que descobrimos uma nova palavra ou identidade ou categoria, podemos praticar o ato de queering com elas. E quando criamos novas palavras ou identidades, podemos fazer a mesma coisa. Trata-se de uma prática, mais do que uma meta ou um produto final.

“A metodologia queer procura combinar métodos que são com frequência antagônicos, e ela rejeita a compulsão acadêmica que almeja coerência disciplinar.”

Judith Halberstam, Female Masculinity

Uma das barreiras que enfrentamos quando praticamos o ato de queering é que há muita pressão para que encaixem numa das categorias discretas já existentes. Os que habitam os espaços liminares são muitas vezes percebidos como uma ameaça por aquelas pessoas que insistem que “ou você está conosco ou contra nós.” Acredito que uma maneira de criar um espaço nesses interstícios é parar de pensar nas coisas como opostos e em vez disso, imaginá-las como duas coisas diferentes. Isso oferece a possibilidade de examinar a relação entre elas, assim como identificar onde têm similaridades e onde são distintas. Quando paramos para explorar essas conexões nos surpreendemos quando descobrimos que não são de fato opostos.

“O teste de uma inteligência de primeira ordem é a capacidade de ter duas ideias opostas presentes no espírito ao mesmo tempo e nem por isso deixar de funcionar.”

 F. Scott Fitzgerald, “The Crack-Up”, Esquire Magazine (Fevereiro 1936).

A minha experiência me diz que pensar em duas coisas como estando numa tensão dinâmica em vez de em desacordo me ajuda a examinar melhor as relações entre as mesmas e a evitar a falsa dicotomia inerente na linguagem mais confrontacional do conflito. Embora haja inúmeros exemplos de situações “ou isso/ou aquilo”, ao aprender a compreender duas coisas que coexistem em tensão, chegamos muitas vezes a uma nova alternativa. A meu ver, queer tem menos a ver com quem você faz sexo e mais com como você o pratica, por que você faz as escolhas que faz, e como você vê o mundo.

Conheço algumas pessoas heterosexuais que são bastante queer, e conheço algumas lésbicas e gays que são notavelmente heteronormativos. Ao mesmo tempo, quanto mais você se envolve em condutas que se encaixam nos papéis de gênero heteronormativos, o mais difícil fica o ato de praticar queering neles. Uma drag queen, no ato de se maquiar, está muito mais próxima do ato de queering do que uma mulher cisgênero fazendo a mesma coisa. Mas o que acontece quando uma mulher butch se maquia? Ou um homem Trans se maquia? Ou uma faux queen? (uma mulher que adota o estilo típico das drag queens.)

E importa como ela se maquia? Acho que depende do porquê e do como ela se maquia, em vez do simples fato dela o estar fazendo. O ato de queering o maquiar-se é moldado pela sua relação com essa atividade e o que a mesma significa para cada pessoa.

Do mesmo modo, muitas pessoas me disseram que quando uma mulher usa um strapon/ pegging para penetra em um homem, pode-se dizer que é queer. Mas e quando ele está penetrando ? É possível praticar queering nessa situação? E se você os observasse no ato, como poderia perceber? Uma vez, eu conversei com alguém que tinha ido a uma sex party para pessoas queer. Pelo visto, uma boa parte das pessoas que participavam estavam em casais homem/mulher, o que pareceu bastante não-queer para vários observadores. Quando eu li alguns dos comentários no blog que comentava o evento, muitos dos participantes disseram que sim, que todes e suas/seus parceires eram queer, e, sim, todes se sentiam queer mesmo no ato sexual pênis-vagina. Mas a pergunta de como um observador seria capaz de saber isso sem conversar com essas pessoas nunca foi resolvida.

Se um número maior desses casais tivessem usado strapon/ pegging, ou estado em drag, ou tivessem praticado de um modo mais visível queering de gênero e sexo, o impacto poderia ter sido bem diferente. Às vezes, a única maneira de saber se alguém está praticando queering é perguntando. Outras vezes, é um pouco mais óbvio.

O MITO DO NORMAL

“O pensamento se manifesta como a palavra. A palavra se manifesta como a ação. Ações se tornam hábito. E hábitos se solidificam em caráter.”

Buddha

Existem algumas habilidades úteis que podemos desenvolver para tornar o ato de queering mais fácil. Sinto que muitas delas têm a ver com as nossas escolhas na linguagem. Uma maneira diferente de falar pode nos ajudar a mudar as nossas ações, e ao longo do tempo, nossos hábitos e nosso caráter. Não pretendo que nos tornemos na polícia do pensamento queer. (Bem que os uniformes seriam o BAFO!) Apenas acredito que podemos desenvolver mais atenção plena (mindfulness) na nossa fala e usar palavras que se alinhem melhor com a nossa intenção de explorar e desafiar.

A primeira delas é se livrar do Mito do Normal. Se há uma pergunta que os educadores sexuais devem ouvir mais do que nenhuma outra, essa é “eu sou normal?” Existe muita pressão para conformar a alguma norma, mas na verdade, trata-se de conformar a uma norma inferida. Dado que as pessoas raramente falam das suas experiências e práticas sexuais com outras pessoas parceiras, a maioria das pessoas que se preocupa com a possibilidade de ser abnormal se baseia no que acredita ser normal em vez de o que de fato é. Isso cria uma ignorância pluralística, uma situação na qual uma maioria de membros de um grupo rejeitam em privado uma norma que acreditam erroneamente ser aceita pela maioria. Por exemplo, não é raro adolescentes acreditarem que precisam se comportar como se fossem sexualmente ativos e satisfeitos com sua vida sexual para encaixar, mesmo se muitos, senão a maioria dos seus amigues podem muito bem estar igualmente fingindo. E isso acontece entre adultos também, por sinal.

A ironia é que existem tantas dimensões nas quais a sexualidade pode variar (com que frequência, qual a duração, o que te dá prazer, se você goza, como o teu corpo reage, o que você pensa ou sente, o quanto você está afim etc.) que está quase garantido que você vai se encontrar no extremo de pelo menos alguma curva de sino em algum momento da tua vida. Na verdade, o fato de alguma pessoa nunca sair do campo do meio em nenhum momento seria tão incomum que se tornaria, de fato, abnormal. Assim, se livrar do mito do normal, da ideia que algo perto de uma sexualidade normal exista, é um bom primeiro passo.

Felizmente, há uma maneira fácil de fazer justamente isso: deixar de fazer declarações categóricas sobre sexo e em vez disso, usar “alguns/algumas/muites/a maioria”. Por exemplo: “a maioria das pessoas gostam disso” ou “há quem goste de experimentar isto”. Pode parecer uma mudança trivial, mas trata-se de um ótimo lembrete que o sexo é experimentado por cada pessoa de modo diferente. De fato, eu te prometo que o que te dá mais prazer provoca nojo em outra pessoa e vice versa. Nada de errado com isso – é assim mesmo. Então quando usamos os termos alguns/algumas/muites/a maioria, nos lembramos que as fronteiras de muitas das categorias que criamos quando falamos sobre sexo ou gênero são permeáveis e flexíveis. Quando fazemos isso, brincar com elas ou explorá-las deixa de ser tão ameaçador, o que, por sua vez, torna a prática de queering mais fácil.

Uma outra ferramenta útil é “às vezes/com frequência”. Quando você começa a prestar atenção como as pessoas falam sobre sexo, é possível que você perceba como muitas delas falam a respeito como se [o sexo] sempre fosse de uma determinada maneira. Pode ser específico para elas, como “eu gosto de bondage”, ou pode ser algo mais generalizado. Do mesmo jeito que acho que alguns/algumas/muites/a maioria é um ótimo lembrete para não esquecermos que nada funciona igual para todos, às vezes/com frequência/normalmente me ajuda a lembrar que as minhas próprias experiências de sexo podem mudar ao longo do tempo. Para a maioria das pessoas, gostar de bondage (quando de fato é o caso) depende de uma variedade de fatores, desde como elas se sentem no momento, a sua conexão com pessoas que se relaciona), as técnicas que estão utilizando, se há estimulação sexual e outros fatores similares. Assim, dizer “eu gosto de bondage com frequência” ou “às vezes eu gosto de ser amarrade” nos ajuda a lembrar que essas preferências não são monolíticas.

Quanto mais usamos esse tipo de linguagem, mais nos lembramos a nós mesmos e aos que nos rodeiam que o tal do “normal’ não existe. Mostramos que o tipo de sexo que fazemos pode variar, e muito. Assim, deixamos claro que declarações categóricas não incluem o mínimo de experiências que nós e outrxs temos. E isso nos ajuda a praticar queering porque fica mais fácil lembrarmos que as categorias criadas pela linguagem não são imutáveis.

QUEERING E VERGONHA

Uma das razões por que queering pode ser difícil é porque com frequência resulta em um sentimento de vergonha. Pois vergonha é uma das maneiras em que fazemos cumprir os papéis sociais e culturais. O sentimento de vergonha é a emoção da desconexão, e ele se manifesta num espectro que vai do leve envergonhamento até a humilhação profunda. É ao mesmo tempo o causante e causado por interrupções ou rompimentos dos laços sociais que nos conectam aos outros. A vergonha é uma ferramenta poderosa para as regras de policiamento, enquanto a pessoa que a recebe quiser ficar conectada. Ao contrário de muitas pessoas, não acho que isso seja uma coisa inerentemente ruim. A vergonha pode ser um catalisador poderoso quando é necessário mudar os hábitos que nos prejudicam a nós ou aos outros. O problema é que é como o sal nas bolachas. Um pouco de sal é bom, um pouco a mais estraga a bolacha.

Como a vergonha é um dos modos em que as regras são implementadas (a violência é o outro modo comum), é fácil ver como as pessoas que praticam queering vão receber vergonha por parte das pessoas que se sentem ameaçadas. Isso é particularmente verdade quando as regras que estão sendo contestadas (no ato de queering) não são bem entendidas, ou quando elas estão tão entrincheiradas nas nossas psiques que chegam a ser difícil de serem verbalizadas. É sabido que começamos a aprender os papéis de gênero antes de poder falar sobre o que estamos aprendendo. Então, quando essas regras são desafiadas, quebradas, ou contestadas (queering), é possível achar que algo que não sabemos definir está sendo ameaçado. Em decorrência disso, a reação de fazer o outro sentir-se envergonhado pode ser o único jeito de lidar com a ameaça.

Para dar um exemplo mais concreto, é bastante comum que pessoas visivelmente homofóbicas saiam do armário um ou dois anos depois. E apesar de se tratar de uma situação complexa, o que se vê bastante nesses casos é que a sua homofobia costuma ser uma tentativa de afastar algo que repercute na sua orientação afetivo-sexual emergente. A vergonha que podem sentir os instiga a atacar pessoas que lembram justamente isso, pelo menos até o momento em que cheguem a aceitar essa parte deles mesmos.
O que isso quer dizer, entretanto, é que se você for praticar queering, você vai provavelmente se meter em situações em que vão tentar fazer com que você se envergonhe. Isso pode acontecer independente do objeto do teu queering ou da maneira em que se dá, mas é muito mais provável que isso aconteça quando você está explorando áreas ao redor das quais muitas pessoas têm muitos gatilhos, como corpo e genitais, orientação afetivo-sexual, expressão e papel de gênero e identidade de gênero. Às vezes, a vergonha deles pode provocar a sua própria. Outras vezes, você não vai se sentir envergonhade, mas você terá que lidar assim mesmo com as reações do outro, que com frequência se manifestam como raiva, violência, distanciamento ou silêncio. Acho que toda pessoa que se dispõe a praticar queering tem todo interesse em desenvolver bastante resiliência.

A descrição que Brene Brown faz disso é uma das melhores que já li. O seu livro I Thought It Was Just Me vale muito a pena.
Construir uma rede de amigues, aliades e comunidades de pessoas que entendem o ato de queering também ajuda. Assim fica mais fácil ser trazido de volta à realidade quando for necessário. Pode tornar-se numa fonte de apoio quando tentarem fazer você se sentir envergonhade, o que contribui muito para desenvolver resiliência nesses casos. E ter outras pessoas com quem você pode trocar ideias e dar o seu palpite pode te ajudar a criar novas maneiras de queering que você dificilmente teria descoberto sozinhe. Não se trata de um projeto individual.

A CORAGEM DA AÇÃO DE QUEER

Quando tomamos a iniciativa de queerificar alguma coisa, corremos um risco. Outres podem não entender o que estamos fazendo. Ou podem ficar com raiva. Ou podem nos culpar por como se sentem em reação ao nosso ato de queering. Ou podem nos ridicularizar. Ou podemos parecer tolos/ tolas / toles. Ou podemos não obter nenhum tipo de reação. Quando escolhemos contestar as definições e categorias que dão forma ao nosso mundo, nos colocamos em situações de grande desconforto ou até de perigo. Isso torna queering num ato de bravura. É preciso de coragem para abraçar o medo e seguir em frente.

Quando vejo alguém queering gênero, orientação afetivo-sexual, sexualidade ou qualquer outra coisa, eu sei que tenho uma pessoa atrevida na minha frente. Eu sei que o que fazem é uma das coisas mais assustadoras que alguém possa fazer. Respeito à sua disposição em abrir novos caminhos para facilitar o nosso trajeto.

Se eu me sinto ameaçado ou provocado por seus atos, tento me agarrar ao respeito que sinto por ela/ ele/ ile e lembro que o crescimento só acontece nas margens, onde o desconhecido vai de encontro às nossas zonas de conforto. Tento sentir gratidão pelo fato de que alguém está me mostrando um novo caminho, independente de se quero trilhá-lo eu mesmo ou não.

Finalmente, acredito que o nosso crescimento como indivíduos e como sociedade é muito mais o resultado de alguém queering as nossas percepções, a nossa linguagem e nosso entendimento. Ao incorporar a prática à minha maneira, fui testemunha de algumas transformações incríveis, tanto em mim mesmo como nas pessoas à minha volta. A trilha não é fácil, mas pode ser muito gratificante. E encontrei algumas pessoas incríveis no caminho…

FOTOS: JONAS TUCCI

COLUNISTA

Charlie_ssexbbox

Charlie Glickman

[ELE/DELE]

Charlie Glickman PhD é coach de sexo e relacionamentos, educador de sexualidade somática, bodyworker sexológico e palestrante de renome internacional. Ele trabalha nesta área há mais de 30 anos, e algumas de suas áreas de foco incluem sexo e vergonha, positividade sexual, questões queer, masculinidade e gênero, comunidades de afiliação erótica e muitas práticas sexuais e relacionais. Charlie também é coautor do livro “The Ultimate Guide to Prostate Pleasure: Erotic Exploration for Men and Their Partners” (O Guia Definitivo para o Prazer da Próstata: Exploração Erótica para Homens e Seus Parceiros). Em fevereiro de 2023, Charlie completou um processo transformador de accountability. Para mais informações sobre ou para aprender sobre suas sessões de coaching, visite www.makesexeasy.com
Veja também

Convite à uma crítica das identidades

Bias in, bias out

Quando mecanismos de defesa atrapalham

Transcendendo Barreiras

Assista

No Instituto [SSEX BBOX] realizamos projetos e advocacy que visam destacar a diversidade, inclusão e a equidade sobre os temas de gênero, sexualidade, população LGBTQIAP+, raça, etnia e pessoas com deficiência.

As ações do Instituto incluem apresentar ferramentas, conteúdos educacionais, e soluções estratégicas visando o exercício do olhar interseccional para grupos sub-representados. Nossas atividades tiveram início em 2011, a partir de uma série de webdocumentários educacionais que exploram temas da sexualidade e gênero para promover mudanças sociais com base nos direitos humanos.

Nosso Contato

Copyright ©2024 Todos os direitos reservados | [SSEX BBOX]